O Instituto Municipal do Ambiente de Angra dos Reis (Imaar) irá implantar um meliponário no Parque Natural Municipal da Mata Atlântica (Parque da Cidade). O espaço será mais uma iniciativa voltada para a preservação e conscientização ambiental, em conformidade com a proposta de criação do Parque da Cidade. Na semana passada foi realizada a licitação para a contratação da empresa parceira no projeto. A previsão é de que a instalação seja iniciada nas próximas semanas.

Diferentemente de um apiário, um meliponário é a criação de abelhas sem ferrão. O espaço ficará localizado próximo ao Encruzo da Enseada, em uma das áreas de reflorestamento, e promete ser mais um atrativo do parque para atrair visitação.

Com foco na educação ambiental, principalmente para as crianças (por serem sem ferrão, essas abelhas não apresentam risco de picadas), o meliponário também contribui para o reflorestamento. As abelhas são insetos muito importantes para a espécie humana. Em nosso frágil ecossistema, onde tudo está conectado, elas são um dos fatores responsáveis pela polinização e, por isso, pelo desenvolvimento e manutenção da vegetação e da biodiversidade e pela produção de alimentos.

Uma conscientização ambiental que envolva a preocupação com o futuro das abelhas tem ocorrido em diversos países. Várias espécies de abelhas têm entrado em risco de extinção pelo mundo. Para enfrentar o problema, setor público, sociedade civil e pesquisadores têm se empenhado em ações visando à preservação desses pequenos, porém tão importantes insetos.

Na América Latina, há exemplos vindos do México, como o projeto “Soy Abeja Maya”, do Instituto Educampo, e daqui mesmo do Brasil, como o projeto da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) para estudar a mortandade das abelhas locais; e o programa Poliniza Paraná, do governo estadual paranaense, para introduzir colmeias de abelhas nativas sem ferrão em parques locais. Em Angra, o projeto do meliponário da Ilha Grande, localizado no Saco do Céu, inspirou a iniciativa do Imaar voltada para o Parque da Cidade.

Segundo dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), no Brasil, as espécies sem ferrão são as mais ameaçadas. Os perigos vêm de todos os lados: pesticidas, desmatamento, fungos, pragas, mudanças no uso da terra etc.

A Prefeitura de Angra e o Imaar têm se empenhado em diversas frentes para aprimorar e diversificar os atrativos do Parque da Cidade. O meliponário é mais uma medida que se soma ao reflorestamento que vem sendo feito na unidade de conservação. Outras ações tem sido a instalação de câmeras para monitoramento da fauna, instalação de placas de sinalização, criação de trilhas e mirantes, além de diversas iniciativas de educação ambiental.

O Parque da Cidade abrange as partes altas de toda a elevação que domina o Centro de Angra dos Reis, com sua linha limítrofe passando sobre os morros da Carioca, Santo Antônio, Caixa D’água, Carmo, Peres, Glória, e da Cruz; seguindo também por cima do Encruzo, Enseada, Retiro, Ribeira, Vila Velha, Praia Grande, Bonfim e Colégio Naval. O parque começa onde termina a área de ocupação urbana, ou seja, ele ocupa o topo do morro do Centro de Angra, com cerca de mil hectares.